quarta-feira, 23 de maio de 2012

Deixar.


Caminhei lentamente até a porta, meus pés se arrastavam pelo chão, girei a chave como quem não quer abrir. Olhei a rua e por um momento pensei em te deixar, em sofrer sem olhar para tudo que vivemos, quis ir embora pra sempre, mas foi aí que eu vi que era tarde demais. Como eu vou deixar você longe de mim? você que me tem por inteira e parece não saber disso. Como vou viver longe de alguém que consegue me completar até nas incertezas, até nas piores dúvidas, até nos meus momentos mais frios, eu não consigo, mais para você parece ser muito facil ficar longe de mim. Eu não posso te deixar no porão, você não é esse objeto descartável. Não posso te abandonar em um parque e ir embora sem olhar pra trás. Como vou abandonar alguém que mora dentro de mim? Alguém que me constrói apenas ao dizer “boa noite” e ao mesmo tempo me desmora quando fica quieto com olhos de quem quer e não pode. Abandonar-te neste momento, seria o mesmo que abandonar a mim, e creio eu que as pessoas não se abandonam assim. Eu não quero ir embora e ter que encontrar outra pessoa pra ouvir os elogios que eu guardei pra você. Eu quero dar meia-volta e recuperar a gente. Quero te dizer na calada da noite que apesar do teu silêncio, eu não preciso ouvir pra poder sentir.
É por isso que eu saí de casa, andei feito uma louca de madrugada, no frio, derramei mais milhares de lágrimas e voltei pra dizer que eu não me abandonei, muito menos deixei você e largar a gente nem passou pela minha cabeça.

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